Meu "VDA" estava quase concluído. Não sei se falei sobre o VDA aqui em algum momento, se não falei, não será desta vez AINDA, mas faltava um pequeno detalhe que ainda não concluí.
Mas consegui aproveitar bem, sem muito esforço e com bastante prazer, o trabalho que mais amo neste mundo. FOTOGRAFAR.
Coloquei esta foto porque este dia foi especial. Eu estava cansado de estúdios fotográficos, de fotografar eventos e essas coisas que não oferecem muita diversão para quem está fotografando. Muitos podem considerar que fotografar um comitê político é algo extremamente chato e monótono. Mas pra mim, que fui pisoteado, empurrado, puxado, e bater a cabeça em microfones, baterias de cameras de vídeo... foi algo único! Aquele momento que eu via de longe e sonhava estar no meio deles, ali, tentando registrar uma imagem exclusiva.
Não sei bem a sensação de ser uma criança (normal!) na Disney World, mas se eu fosse comparar, seria assim. Eu fotografava e olhava ao meu redor e via aquela gente que vive daquilo. Eu tentava imaginar como aquele pessoal reagiu no primeiro dia sendo fotógrafo, da primeira câmera, do primeiro disparo... e todos ali, lutando por um espaço mínimo e um sol absurdo que estávamos sentindo há pelo menos, 3 horas esperando tudo acontecer.
Consegui estar no meio de todos mesmo sem identificação. Era eu e a câmera preparada em modo "burst" porque eu não economizo espaço no card. Mas... o que estava contando mesmo era estar ali e pouco me importava com as fotos. Queria sentir como era "fotojornalizar". Ver como o pessoal se comunicava, colher o máximo de informação e experiência possível naquele curto período de tempo. Foi inesquecível!
"Você é de que mídia?"
"Faveladarocinha.com"
"Nossa! Vocês tem um site? Vou dar uma olhada quando chegar na redação. A propósito, bela câmera a sua."
"Obrigado!"
Essa mesma camera foi um marco na minha vida. Meu maior sonho era ter uma câmera para que eu pudesse mostrar as pessoas o que vejo ao meu redor. Eu sei que vejo tudo de forma diferente dos demais e me sinto na obrigação de exibir isso.
Ela veio toda desmontada. Um esquema que consegui que viesse dos EUA da forma mais barata possível. Nem a caixa veio. Mas eu nem liguei. Só queria chegar logo em casa e ver como ela funcionava. Uma camera exclusivamente minha, sem precisar pegar alguma emprestada no estúdio. Era minha e eu poderia levar para qualquer lugar e registrar qualquer coisa. Esse foi meu erro.
O assaltante levava minha mochila e ali ele mal sabia o que continha. Era além de uma camera qualquer. Era a realização de um sonho da qual eu lutei por muitos anos para acreditar que eu poderia conseguir. E consegui! Eu contava os dias até a data prometida da entrega e eu nem aguentei entregarem. Fui até lá, subi aquela montanha (não vou explicar isso) e abracei o que pra muitos, era um objeto caro e funcional. Mas para mim, era uma realização pessoal. Eu tinha orgulho de ter aquilo da maneira como consegui.
Meu VDA ficou desfalcado. Se hoje eu penso em ter outra camera, eu ainda não sei. Na verdade, nem sei se continuarei com isso de fotografar. Como me disseram: "Isso é uma profissão de rico. Você tem que ter seguro, tem que ver um veículo para não andar com isso na rua." Achei ridículo o comentário, mas claro, agora faz sentido. Realmente é complicado fazer algo que gosta, inclusive algo que exige além da sua criatividade. O seu investimento. No meu caso, joguei de all-in*.
- Comentem a vontade caso queiram, mas por favor, não me perguntem nada sobre isso. Não perguntem o que farei, o que sinto, o que penso agora... como dizia alguém muito especial na minha vida: "...deixa rolar".
(all-in é um termo utilizado nos jogos de poker quando o jogador aposta todas as suas fichas)